domingo, 18 de maio de 2008

Coisas...

Comecei mal, eu sei. Nas aulas de redação do cursinho aprendemos que a palavra "coisa" é proibida em benefício da sofisticação literária. Quantos preciosos minutos em cada texto desperdiçamos tentando encontrar sinônimos para este substantivo tão desprezado, quando muitas fezes ele se encaixa perfeitamente (ele e apenas ele). Porém, como diria meu glorioso professor Aldo, "não era disso que eu queria falar". O título se refere a outra coisa. Putz!
Falo da quantidade de objetos que acumulamos durante nossas fugazes vidas. Hoje posso arrumar meu quarto (figurativamente falando; na prática isso raramente acontece), jogar fora um bocado de lixo, que dentro de três ou quatro dias, como que por geração espontânea, lá estão de novo todas aquelas "coisas" - já me perdoei antecipadamente por este termo - ocupando todo e qualquer espaço livre do recinto.
Chego a pensar que mais da metade da matéria que passa por nossas mãos é totalmente desprovida de qualquer propósito ou utilidade. Um panfleto que recebo na rua se torna instantaneamente meu. Mas meu para quê? Para que eu arremesse prontamente ao cesto de lixo mais próximo? Ou para que eu guarde em algum de meus muitos bolsos para depois rencontrá-lo em meu quarto, juntando-o com todos os artefatos - eu juro que tento não usar "coisa"- que lá cumprem sua função de ocupar espaço.
Três ou quatro cds, inúmeras apostilas e fotocópias que eu provavelmente jamais irei ler, uma revista, alguns livros que apenas comecei a ler, uma sacolinha de plástico de cujo conteúdo prévio não tenho sequer uma pista... E saber que paguei por uma grande parte destas bugigangas!
Ok, chego ao fim do texto; e afinal, qual o grande sentido filosófico por trás disso tudo? Não sei. Foi só uma idéia estranha que passou pela minha mente. Como são gastos quilos e quilos de metal, toneladas e toneladas de plástico e pilhas e mais pilhas de papel em vão. Só para abarrotar os lixões. Trecos, troços, negócios. São coisas, apenas coisas.