sábado, 16 de agosto de 2008

Evolução

A raça humana tem seus fracassos, é verdade. Mas seus sucessos os superam de longe. Asistindo aos Jogos Olímpicos é quase possível esquecer que trata-se da mesma espécie que promove guerra após guerra pelas mais estúpidas razões. No esporte, a disputa não é muito diferente da realizada pelos militares; ninguém, porém, perde a vida ou o direito sobre seu território.
Assunto perigoso para escrever, este. A quantidade de clichês, no esporte, é gigantesca - certamente não conseguirei escapar de alguns deles.

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A história mostra que os conflitos sempre foram um dos principais estímulos para o desenvolvimento tecnológico da sociedade. Sem dúvida estaríamos em um patamar muito inferior não fosse pelo belicismo (que parece natural ao Homo sapiens). Apesar disso, ninguém normal cogita incentivar o surgimento de novas guerras apenas em prol do progresso. A pergunta seria a seguinte: é este o único meio de promover o dito estímulo? Me atrevo a responder: não. Existem inúmeros outros, sendo o esporte um dos principais, sem dúvida.
É normal para qualquer animal tentar se mostrar superior aos seus semelhantes. O que não é normal é que isso resulte na morte de milhões deles. A competição esportiva acaba com este problema: todos tem o objetivo de alcançar o lugar de destaque no grupo, poucos conseguem. Aos restantes, todavia, não é imposto um destino maligno; o que resta é uma vontade ainda maior de se superar e, na próxima oportunidade, chegar ao topo. Satisfaz-se assim a necessidade biológica com a vantagem de manter a integridade do adversário.
Um atleta não é o único vitorioso no momento do pódio. Além da sua própria habilidade e preparo físico, são premiadas a inteligência e a experiência de seu treinador, as mais recentes descobertas dos cientistas, que potencializam sua performance, e assim sucessivamente. Até que ponto a indústria pode ser influenciada por uma competição (e vice-versa)? Vejamos a Fórmula 1, por exemplo. A simbiose presente nesta modalidade é tão grande quanto ou maior que a encontrada nos campos de batalha.
Sem contar o bem estar proporcionado, tanto para o próprio esportista, quanto para público. Creio que dois aspectos são os principais responsáveis por isso: a emoção e a admiração.
Em termos de esporte, a realidade constantemente supera a ficção (maldito clichê, juro que tentei escapar). Um nadador que bate um centésimo na frente do adversário, como o americano Michael Phelps nos 100m borboleta. Um suposto coadjuvante que se torna favorito e campeão em menos de dois dias, como o brasileiro Cesar Cielo. Não posso deixar de citar a famosa partida do Grêmio contra o Náutico em 2005, em que o time venceu a partida e o campeonato mesmo jogando com apenas 7 jogadores e tendo um pênalti contra. Cinematográfico, literalmente. Superação de dificuldades é o que torna qualquer história interessante. Ninguém assitiria um filme com a sinopse: "Era uma vez uma pessoa. Ela viveu feliz para sempre". É uma pena que a imprensa, a brasileira principalmente, com seu amadorismo, muitas vezes consiga transformar os mais inspiradores feitos em reality shows ridículos e vulgares. "Vamos falar com a avó do atleta, lá de longe, blábláblá...".
É impossível não ficar embasbacado com um ser humano que completa 100 metros em menos de 10 segundos (9.69, para ser exato), com sobras nas últimas passadas, como fez o jamaicano Usain Bolt. Muito da atração do esporte vem dos feitos sobre humanos que são alcançados. Muitos que poderiam ser considerados impossíveis mesmo pouco tempo atrás. Admirar e aplaudir um indivíduo teoricamente igual a nós fazer algo além da imaginação é inevitável.
A arte e o esporte tem muito em comum. Ambos promovem e valorizam as mais valiosas capacidades da espécie humana, como o talento, a habilidade, a criatividade, a dedicação. E cada vez mais um se aproxima do outro. Saímos todos ganhando, cada vez mais evoluídos, e sem precisar matar ninguém para isso.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Opinião

“An important scientific innovation rarely makes its way by gradually winning over and converting its opponents: What does happen is that the opponents gradually die out.”

Max Planck

A frase foi citada essa semana pelo professor José Moreira em uma de suas maravilhosas aulas no Pavilhão Pereira Filho. Não poderia ser mais propícia. Após incessantes discussões protagonizadas por mim e por meus colegas, ocupando os diversos intervalos entre as aulas, e sempre versando sobre os mais variados temas sócio-político-filosóficos, já havia chegado à mesma conclusão. As pessoas não mudam de opinião. Um ponto de vista é como um tumor que ocupa um espaço fixo em nossa massa encefálica, progressivamente calcifica e de lá não mais pode ser removido. Mesmo que o contraponto seja extensivamente provado, através de argumentos ou fatos, o máximo que pode acontecer é que nos calemos, deixando o assunto no ar, para que continuemos internamente com a mesma idéia, até encontrar novas interpretações que sirvam ao nosso pensamento.

Nietzsche, referindo-se aos próprios filósofos, escreveu: “Todos eles agem como se tivessem descoberto ou alcançado suas opiniões próprias pelo desenvolvimento autônomo de uma dialética fria, pura, divinamente imperturbável (...): quando no fundo é uma tese adotada de antemão, uma idéia inesperada, uma ‘intuição’, em geral um desejo íntimo tornado abstrato e submetido a um crivo, que eles defendem com razões que buscam posteriormente (...)”. Ou seja: o que pensamos não é fruto apenas do que vimos, ouvimos ou lemos, e sim de um sentimento intrínseco que nos faz procurar fatos que a ele se adequem. Desta maneira, não adianta um “oponente” em um debate tentar nos convencer de sua verdade, pois já temos a nossa.

É uma regra, e como tal, tem diversas exceções. Mas creio que de modo geral é o que acontece. Será este um fruto da velha dicotomização verdade-mentira que ainda predomina na mente humana?

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O que também fica cada vez mais claro para mim é que todos têm uma opinião sobre tudo. Os que dizem que não têm apenas são sensatos o suficiente para não se arriscarem. A diferença é que alguns, como eu, não hesitam em pisar em terreno que não dominam. O que acaba acontecendo, ao menos no meu caso, é que, no calor da argumentação, acabo fazendo interpretações impulsivas que não obrigatoriamente refletem o que penso, apenas com o intuito de responder à altura, o que muitas vezes resulta em exposições desnecessárias.

O engraçado é que tenho certo tropismo por temas polêmicos. E minhas companhias também não negam fogo. Alguém sempre discorda, seja qual for o assunto. Assim, basta apenas um grupo de cadeiras e um cafezinho, para que a alma italiana aflore, e aconteçam as mais épicas batalhas verbais. Que invariavelmente terminam do mesmo jeito que começaram: cada um com a sua opinião.

domingo, 18 de maio de 2008

Coisas...

Comecei mal, eu sei. Nas aulas de redação do cursinho aprendemos que a palavra "coisa" é proibida em benefício da sofisticação literária. Quantos preciosos minutos em cada texto desperdiçamos tentando encontrar sinônimos para este substantivo tão desprezado, quando muitas fezes ele se encaixa perfeitamente (ele e apenas ele). Porém, como diria meu glorioso professor Aldo, "não era disso que eu queria falar". O título se refere a outra coisa. Putz!
Falo da quantidade de objetos que acumulamos durante nossas fugazes vidas. Hoje posso arrumar meu quarto (figurativamente falando; na prática isso raramente acontece), jogar fora um bocado de lixo, que dentro de três ou quatro dias, como que por geração espontânea, lá estão de novo todas aquelas "coisas" - já me perdoei antecipadamente por este termo - ocupando todo e qualquer espaço livre do recinto.
Chego a pensar que mais da metade da matéria que passa por nossas mãos é totalmente desprovida de qualquer propósito ou utilidade. Um panfleto que recebo na rua se torna instantaneamente meu. Mas meu para quê? Para que eu arremesse prontamente ao cesto de lixo mais próximo? Ou para que eu guarde em algum de meus muitos bolsos para depois rencontrá-lo em meu quarto, juntando-o com todos os artefatos - eu juro que tento não usar "coisa"- que lá cumprem sua função de ocupar espaço.
Três ou quatro cds, inúmeras apostilas e fotocópias que eu provavelmente jamais irei ler, uma revista, alguns livros que apenas comecei a ler, uma sacolinha de plástico de cujo conteúdo prévio não tenho sequer uma pista... E saber que paguei por uma grande parte destas bugigangas!
Ok, chego ao fim do texto; e afinal, qual o grande sentido filosófico por trás disso tudo? Não sei. Foi só uma idéia estranha que passou pela minha mente. Como são gastos quilos e quilos de metal, toneladas e toneladas de plástico e pilhas e mais pilhas de papel em vão. Só para abarrotar os lixões. Trecos, troços, negócios. São coisas, apenas coisas.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Já que o assunto é música...

Sábado, 19/04/2008, 9:30PM. Entro no carro com um destino certo: o cabeleireiro. No caminho, uma gigantesca batalha tem desfecho dentro de minha cabeça. Duas forças, duas faces, duas vidas. Uma não veste branco nem tem asas, nem a outra veste vermelho ou tem chifres. No íntimo, elas se amam, tenho certeza. Mas as pessoas querendo se meter põem uma contra a outra constantemente.

Entro na quadra de meu destino. A mão direita se dirige à alavanca para dar o sinal de estacionamento. No segundo decisivo, a mão volta ao volante. Sigo e, na quadra seguinte, dou meia volta e volto para casa.

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Os cabelos ficaram. Não porque são bonitos (isso eu sei que não são). Mas, caso fossem embora, com eles iria minha personalidade. Iria o adolescente que ainda tenho dentro de mim, e que espero jamais perder (apesar dos esforços contrários da faculdade). Eu ainda tenho 20 anos, oras! Como diz uma música de Gath Brooks: "I'm much too young to feel this damn old". Eles representam o pouco de rebeldia que ainda me resta; o poder de tomar as próprias decisões livres de influências indesejadas.

Mais que isso, representam a diferença. É um paradigma: homem de cabelos compridos na medicina não parece certo. O motivo é simples: não pode. Só. Higiene? Desculpem-me, mas cuido deste aspecto melhor que diversos indivíduos do sexo oposto cujas madeixas são muito bem aceitas. Eles estão sempre presos, impedidos de esvoaçarem-se pela brisa porto-alegrense. Mais engraçado é que até hoje nem um professor sequer solicitou que eu abandonasse a cabeleira.

Do jeito que eu falo parece que eu sou um aluno desafiador, que não cumpre determinações, o que não pode estar mais errado. Acho legal exatamente este compotamento dual. Bem x Mal. Esquerda x Direita. Ying x Yang. Zoroastrismo pegando. O cabelo sugere algo que as atitudes logo desmentem. O roqueiro, metaleiro, que é um estudante de medicina como qualquer outro.

Quem nunca foi a um show de seu artista preferido (ou mesmo, em casos mais graves, quem NÃO TEM um artista preferido) jamais conseguirá compreender o que eu quero dizer. A emoção de estar a poucos metros do ídolo, enquanto ele toca algumas das canções que compõem a trilha sonora de sua vida é inigualável. Cantar junto aquele refrão que tem uma mensagem que parece ter sido feita especialmente para você. Após duas horas, encontrar-se totalmente desprovido de forças e voz, e, quem sabe, com alguma lembrança, nem que seja apenas uma palheta (como aconteceu comigo na última semana). Não preciso de terapia, não preciso de mais nada para relaxar, só preciso de um show de rock de vez em quando.

Muitos são os preconceitos para com esta forma de entretenimento. O mais comum é também o que mais me revolta: chamar de barulho. Somente alguém muito seguro de sua opinião pode assim classificar alguma música que sequer conhece ou tentou conhecer. Eu mesmo já caí (e constantemente caio) neste erro. Some-se a isso alguns pouquíssimos idiotas que vão a shows apenas para encher a cara de bebidas ou drogas e algumas bandas (essas sim, formadas ou sustentadas por revoltados extremos) que realmente fazem algo que realmente soa como barulhos ridículos, e está montado um gigantesco estereótipo. A grande maioria das bandas de rock'n'roll (mais especificamente das de heavy metal) faz belas músicas, com temas complexos e relevantes, que são repetidamente mal-compreendidas por uma grande quantidade de pessoas.

Não quero obrigar ninguém a ouvir as músicas que eu ouço. Nem acho que todo mundo deve deixar crescer cabelo e barba. O que pretendo mostrar é exatamente os estereótipos que as pessoas seguem sem pensar de onde eles vêm. E além disso, como é importante ter alguma atividade na qual se possa arremessar a quilômetros de distância todas as decepções que a vida inevitavelmente traz. Sem precisar de analista, yoga, etc.

PS: O cabelo não vai ficar aqui pra sempre. Ou ele fatalmente cairá - a genética neste caso é forte- ou eu provavelmente cortarei ele, provavelmente em algum dia de dezembro de 2011.

sábado, 26 de abril de 2008

O homem e a música

Leitura, caminhada, passeio de carro, estudos. Quase todas as situações da vida merecem ter uma música de fundo. Um Fratellis pra acordar, Oasis pra dias de chuva, Zero 7 ou Dream Theater para viajar mesmo - se bem que há uma diferença considerável entre as duas bandas -, Weezer pra dias de sol, faceiros.

Essa admiração que evolui pra dependência começou há milhares de anos atrás, quando os primeiros hominídeos perceberam que poderiam extrair sons a partir da percussão corporal, e choque de objetos em geral. Nasceu, então, a primeira performance de "Come As You Are" que se tem notícia.

A música na pré-história

Com as evoluções tecnológica e social, instrumentos progressivamente mais sofisticados eram produzidos e novos contextos para a música eram determinados. Na Idade Antiga, a música passou a ter participação freqüente em guerras, festas e ritos religiosos. Algumas civilizações relacionavam diretamente divindades com a música. Nessa época, gritar "toca Raul" no fim de cada sessão era considerado motivo bom o suficiente para pena de morte. Bons tempos.

Então, a partir da maior complexidade estrutural das sociedades na Idade Média, a determinação da evolução musical fica mais difícil. Nessa época a música era mais voltada a fins religiosos e festivos.

"Do you wanna rock and roll?!"

É interessante pensar que até o início do século XX, só era possível aproveitar uma boa música através de apresentações em teatros, igrejas e praças - enfim, apresentações ao vivo. Com a popularização do rádio e, depois, os mais diversos meios de comunicação, ficou muito mais prático e fácil ouvir música, ao ponto de poder ser uma atividade individual. Essa mudança abriu espaço para a divulgação e para a criação da indústria da música que existe hoje. Há aquela briga entre as gravadoras e a música digital, mas isso não interessa agora. O que importa, meus caros, é que podemos ouvir o Scenes from a Memory quando quisermos. Em comemoração, abre a caixinha do teu cd favorito (ou a pasta com seus mp3 favoritos) e ouve uma faixa com gosto. Vai, filho.

É claro que há o lado ruim de tudo isso. Afinal, o funk só se difundiu por causa dessa praga que é a comunicação atual. Mas, como tudo na vida, algumas pessoas usam a tecnologia para o mal.

O mal existe. E vende cds.

Mas então.

Como a maioria das pessoas viciadas em música, às vezes dá aquela vontade de conhecer alguma coisa nova pra servir de trilha pra vida. Uma música pra bater pezinho, alguma banda esquecida, um som diferente. Não é?

Eventualmente eu (e aposto que o Fabrício também) vou deixar alguma dica de álbum ou banda interessante. As pessoas que me conhecem sabem que tenho um gosto bem diversificado, então deve agradar a alguém em algum momento.

Aproveitando esse clima nublado e calmo, procurem o álbum "Our Endless Numbered Days" do Iron & Wine. Destaco a faixa "Cinder and Smoke" Não vou descrever muito porque acho que já falei demais, mas acho que um violãozinho hoje cai muito bem.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Buona gente!


Poucas coisas me deixam mais orgulhoso do que o fato de eu ser italiano. Gringo. Colono. Por quê? Italianos costumam ser menos sem graça. Explico.

Voltar para Caxias do Sul nos finais de semana tem sido uma constante aventura. Para o pessoal de lá, a vida nunca está tranqüila. Não que tenham mais problemas que outras pessoas, às vezes exatamente o contrário. Mas parece que os ítalo-brasileiros não conseguem viver sem ter algum motivo para reclamar, gesticular, gritar, chorar. Se faltam motivos plausíveis, logo se arranja alguma fofoca, algo que alguém falou, que alguém fez ou deixou de fazer. Se nem isso é possível, então se implica com qualquer pequeno defeito de qualquer um.
Começar uma conversa sobre um assunto ameno com um gringo tem 90% de chance de acabar em discussão, com direito a vozes alteradas e socos na mesa. Italianos são as únicas pessoas que conseguem discutir mesmo quando ninguém está discordando. Cansei de presenciar brigas em que os dois lados envolvidos estão apresentando exatamente a mesma opinião. Se tudo se acalmou, é questão de tempo (geralmente menos de 5 minutos) para que alguém fale alguma besteira que ofenda profundamente algum presente; recomeça, assim, o ciclo.

Não sou nenhum entendido em comunicação, mas ouvi minha irmã, que faz Publicidade, falando sobre uma teoria que achei interessantíssima. Diz o tal autor que, em uma forma qualquer de comunicação, existem pelo menos três possibilidades de falha completa. Em primeiro lugar, quem está passando a mensagem não consegue se expressar corretamente. Segundo, mesmo que este deixe suas idéias bem claras, o receptor não presta a devida atenção ou, mesmo atento, não consegue compreender. E, por fim, acontece uma compreensão, mas o efeito esperado não acontece, ou seja, o interlocutor discorda ou não dá crédito às idéias apresentadas. Na região da serra gaúcha esta teoria constantemente se prova verdadeira e muitas vezes até otimista demais.

Tudo bem, detonei, detonei e detonei. Mas eu não tinha dito que tinha orgulho? Pois é, agora vem a parte mais legal. Na "colônia", o pessoal não fala pelas costas. Tudo é bem esclarecido (a não ser que possa ser guardado para uma briga futura...). Diferente do alemão típico, por exemplo, o italiano não guarda para si algo que o incomoda. Temos problemas, como qualquer outra pessoa, mas não os escondemos atrás de um semblante estável. Não que eu esteja criticando os outros ou chamando-os de reprimidos; é uma questão de culturas que diferem entre si e isso é que é o bacana. O fato, porém, é que eu gosto de ser parte deste tipo. Não nego minhas origens (até porque, mesmo que eu quisesse, minhas mão inquietas e o volume da minha voz me desmentiriam).

E o mais importante: é só pôr uma mesa farta, com muita polenta,queijo, galeto, massa... em suma: sódio e colesterol até não poder mais, que todos se unem, riem, se divertem e instantaneamente esquecem seus pseudo-problemas. A comida é o grande fator de união. Todos perdoam a todos, é uma grande fraternidade. Isso pelo menos até alguém introduzir um assunto de política ou de futebol...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Instalações do HCPA

Desenho feito durante alguma aula do terceiro semestre. Provavelmente micro - aquela cadeira miserável. A gente via como o tempo realmente era algo relativo naquelas aulas: a partir do momento em que se entrava na sala, cada minuto demorava uns 15 minutos pra passar.


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Percebam que eu não sei mexer no blog ainda (sim, "amador"). Mas eu aprendo. Se tem uma coisa que Super Mario World me ensinou é que a persistência traz bons resultados.

E prometo posts. O problema é que, enquanto o trabalho compensa após um tempo, a procrastinação sempre compensa agora.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A Metafísica de um Blog (ou Como é Fácil Falar)

Como é fácil falar. Foi há mais de um ano, provavelmente, que pela primeira vez alguém comentou: “Cara, vamos fazer um blog”. Quem foi não interessa. O reflexo de ter uma idéia e, a partir dela, articular algumas palavras é provavelmente inato. Mas, deste momento em diante, pôr a idéia em prática pareceu extremamente penoso. A inércia que se seguiu não têm explicação lógica. Não foi por falta de tempo, considerando que a faculdade de medicina não ocupa tanto tempo quanto muitas vezes pode parecer. Sem contar as férias e os finais de semana. Talvez fez falta a decisão: “Ok, vai ser hoje!”.
É como quando se combina alguma atividade com os amigos, verbalmente, e na hora ninguém aparece. “Bah, não sabia se estava confirmado”. “Na hora eu achei que não iria acontecer de verdade”. Ninguém falta de propósito, ou por maldade. Mas, se ninguém toma a frente de ligar para cada um algumas horas antes, ficam todos inconscientemente esperando que algum duende faça isso.
É muito fácil falar. Por experiência pessoal, de gringo que fala muito mais do que devia, e em volume bastante inconveniente. Quantas coisas eu já não prometi fazer e que duraram os minutos suficientes para seu arquivamento mental.
Mesmo depois que, após alguma hecatombe monumental, o blog estava prestes a se tornar realidade, apareceu um problema: o nome. Essa é uma parte importantíssima, afinal um nome mal escolhido pode tirar o interesse de qualquer um. Parece uma coisa pequena, é só digitar um nome clicar. “Você está a um passo de criar seu blog”. Durou pelo menos seis meses o vai-não-vai, várias idéias foram descartadas pelo próprio blogspot (graças a bloguistas efêmeros que esperamos não nos tornar). Finalmente um nome legal e inédito. E, pronto o blog, caixa de texto aberta na minha frente, e eu acabo esquecendo todas as idéias e escrevendo a emocionante história da criação de um blog.
O blog existe para que nós possamos viajar muito, mas sentindo como se estivéssemos fazendo algo de útil. Em resumo, espero que ele sirva exatamente para isso: vamos falar muito; não vamos fazer nada.