quarta-feira, 25 de junho de 2008

Opinião

“An important scientific innovation rarely makes its way by gradually winning over and converting its opponents: What does happen is that the opponents gradually die out.”

Max Planck

A frase foi citada essa semana pelo professor José Moreira em uma de suas maravilhosas aulas no Pavilhão Pereira Filho. Não poderia ser mais propícia. Após incessantes discussões protagonizadas por mim e por meus colegas, ocupando os diversos intervalos entre as aulas, e sempre versando sobre os mais variados temas sócio-político-filosóficos, já havia chegado à mesma conclusão. As pessoas não mudam de opinião. Um ponto de vista é como um tumor que ocupa um espaço fixo em nossa massa encefálica, progressivamente calcifica e de lá não mais pode ser removido. Mesmo que o contraponto seja extensivamente provado, através de argumentos ou fatos, o máximo que pode acontecer é que nos calemos, deixando o assunto no ar, para que continuemos internamente com a mesma idéia, até encontrar novas interpretações que sirvam ao nosso pensamento.

Nietzsche, referindo-se aos próprios filósofos, escreveu: “Todos eles agem como se tivessem descoberto ou alcançado suas opiniões próprias pelo desenvolvimento autônomo de uma dialética fria, pura, divinamente imperturbável (...): quando no fundo é uma tese adotada de antemão, uma idéia inesperada, uma ‘intuição’, em geral um desejo íntimo tornado abstrato e submetido a um crivo, que eles defendem com razões que buscam posteriormente (...)”. Ou seja: o que pensamos não é fruto apenas do que vimos, ouvimos ou lemos, e sim de um sentimento intrínseco que nos faz procurar fatos que a ele se adequem. Desta maneira, não adianta um “oponente” em um debate tentar nos convencer de sua verdade, pois já temos a nossa.

É uma regra, e como tal, tem diversas exceções. Mas creio que de modo geral é o que acontece. Será este um fruto da velha dicotomização verdade-mentira que ainda predomina na mente humana?

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O que também fica cada vez mais claro para mim é que todos têm uma opinião sobre tudo. Os que dizem que não têm apenas são sensatos o suficiente para não se arriscarem. A diferença é que alguns, como eu, não hesitam em pisar em terreno que não dominam. O que acaba acontecendo, ao menos no meu caso, é que, no calor da argumentação, acabo fazendo interpretações impulsivas que não obrigatoriamente refletem o que penso, apenas com o intuito de responder à altura, o que muitas vezes resulta em exposições desnecessárias.

O engraçado é que tenho certo tropismo por temas polêmicos. E minhas companhias também não negam fogo. Alguém sempre discorda, seja qual for o assunto. Assim, basta apenas um grupo de cadeiras e um cafezinho, para que a alma italiana aflore, e aconteçam as mais épicas batalhas verbais. Que invariavelmente terminam do mesmo jeito que começaram: cada um com a sua opinião.

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