terça-feira, 22 de abril de 2008

Buona gente!


Poucas coisas me deixam mais orgulhoso do que o fato de eu ser italiano. Gringo. Colono. Por quê? Italianos costumam ser menos sem graça. Explico.

Voltar para Caxias do Sul nos finais de semana tem sido uma constante aventura. Para o pessoal de lá, a vida nunca está tranqüila. Não que tenham mais problemas que outras pessoas, às vezes exatamente o contrário. Mas parece que os ítalo-brasileiros não conseguem viver sem ter algum motivo para reclamar, gesticular, gritar, chorar. Se faltam motivos plausíveis, logo se arranja alguma fofoca, algo que alguém falou, que alguém fez ou deixou de fazer. Se nem isso é possível, então se implica com qualquer pequeno defeito de qualquer um.
Começar uma conversa sobre um assunto ameno com um gringo tem 90% de chance de acabar em discussão, com direito a vozes alteradas e socos na mesa. Italianos são as únicas pessoas que conseguem discutir mesmo quando ninguém está discordando. Cansei de presenciar brigas em que os dois lados envolvidos estão apresentando exatamente a mesma opinião. Se tudo se acalmou, é questão de tempo (geralmente menos de 5 minutos) para que alguém fale alguma besteira que ofenda profundamente algum presente; recomeça, assim, o ciclo.

Não sou nenhum entendido em comunicação, mas ouvi minha irmã, que faz Publicidade, falando sobre uma teoria que achei interessantíssima. Diz o tal autor que, em uma forma qualquer de comunicação, existem pelo menos três possibilidades de falha completa. Em primeiro lugar, quem está passando a mensagem não consegue se expressar corretamente. Segundo, mesmo que este deixe suas idéias bem claras, o receptor não presta a devida atenção ou, mesmo atento, não consegue compreender. E, por fim, acontece uma compreensão, mas o efeito esperado não acontece, ou seja, o interlocutor discorda ou não dá crédito às idéias apresentadas. Na região da serra gaúcha esta teoria constantemente se prova verdadeira e muitas vezes até otimista demais.

Tudo bem, detonei, detonei e detonei. Mas eu não tinha dito que tinha orgulho? Pois é, agora vem a parte mais legal. Na "colônia", o pessoal não fala pelas costas. Tudo é bem esclarecido (a não ser que possa ser guardado para uma briga futura...). Diferente do alemão típico, por exemplo, o italiano não guarda para si algo que o incomoda. Temos problemas, como qualquer outra pessoa, mas não os escondemos atrás de um semblante estável. Não que eu esteja criticando os outros ou chamando-os de reprimidos; é uma questão de culturas que diferem entre si e isso é que é o bacana. O fato, porém, é que eu gosto de ser parte deste tipo. Não nego minhas origens (até porque, mesmo que eu quisesse, minhas mão inquietas e o volume da minha voz me desmentiriam).

E o mais importante: é só pôr uma mesa farta, com muita polenta,queijo, galeto, massa... em suma: sódio e colesterol até não poder mais, que todos se unem, riem, se divertem e instantaneamente esquecem seus pseudo-problemas. A comida é o grande fator de união. Todos perdoam a todos, é uma grande fraternidade. Isso pelo menos até alguém introduzir um assunto de política ou de futebol...

8 comentários:

Fernanda disse...

E eu é que sei!

Obrigada por me citar, Niklas Luhmann agradece!

Comida é união! Aprendi muito nesse final de semana...
e depois não sei porque continuo engordando!

Beijos!

Anônimo disse...

Ich bin der Deustch möss springg wissenschatfhommen sie Jahre alt. Sie spreche ist zer guddenschlabfabriciocuseco dann ich gehre!!
:o(
Tchuss

Anônimo disse...

Olá! Encontrei o blog de vocês pelo google e achei o texto sobre o povo italiano muitíssimo interessante. Fabrício, sou professor da UniPatos, em Patos de Minas-MG, e estudo o comportamento dos povos imigrantes. Você teria algo a escrever sobre os imigrantes turcos?
Um abraço!
Aguardo
José Carlos

Paulo Ricardo disse...

Tenho parte de italiano em mim. Porém, o predomínio do meu comportamento e dos meus sempre foi muito ditado pelo meio em que vivia: uma cidade pequena onde tudo é sabido por todos. Portanto, aprendi a ser mesquinho e dissimulado.
Fabrício, aproveitando a deixa do José Carlos, gostaria de saber o qual a tua opinião sobre as pessoas de descendência asteca.

Anônimo disse...

Pórco dio, dum colono fiol dum can! Fica aí falando da mesa farta e dos pobrema que a zente discute, mas nhente de comida pro pequeno fabrizzio, né?

Sim, porque, se vocês que ton lendo non sabem, esse gringo é um frotolon. Qué se fazê de importante, escrevendo nas interneta e morando nas capital, mas quando saiu de cassia, me dexô embarigada. Agora ele tá no bem bão, e nóis aqui passando fome.

Óia, ou tu me dá um zeito, ou te boto na preson, bruto can!

Moisés disse...

Falaria sobre o povo alemão, mas somos fechados demais pra isso.

Curti o post!

Unknown disse...

Falando em Astecas, tens aí algo sobre os Karatecas?

Anônimo disse...

Mano!
Só hoje li este maravilhoso texto.
Você foi muito feliz nas colocações.
Feliz fico por fazer parte desta tua história.
Família é Família!!!
Seja bem vindo sempre!!! E traga os amigos!!!