terça-feira, 29 de abril de 2008

Já que o assunto é música...

Sábado, 19/04/2008, 9:30PM. Entro no carro com um destino certo: o cabeleireiro. No caminho, uma gigantesca batalha tem desfecho dentro de minha cabeça. Duas forças, duas faces, duas vidas. Uma não veste branco nem tem asas, nem a outra veste vermelho ou tem chifres. No íntimo, elas se amam, tenho certeza. Mas as pessoas querendo se meter põem uma contra a outra constantemente.

Entro na quadra de meu destino. A mão direita se dirige à alavanca para dar o sinal de estacionamento. No segundo decisivo, a mão volta ao volante. Sigo e, na quadra seguinte, dou meia volta e volto para casa.

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Os cabelos ficaram. Não porque são bonitos (isso eu sei que não são). Mas, caso fossem embora, com eles iria minha personalidade. Iria o adolescente que ainda tenho dentro de mim, e que espero jamais perder (apesar dos esforços contrários da faculdade). Eu ainda tenho 20 anos, oras! Como diz uma música de Gath Brooks: "I'm much too young to feel this damn old". Eles representam o pouco de rebeldia que ainda me resta; o poder de tomar as próprias decisões livres de influências indesejadas.

Mais que isso, representam a diferença. É um paradigma: homem de cabelos compridos na medicina não parece certo. O motivo é simples: não pode. Só. Higiene? Desculpem-me, mas cuido deste aspecto melhor que diversos indivíduos do sexo oposto cujas madeixas são muito bem aceitas. Eles estão sempre presos, impedidos de esvoaçarem-se pela brisa porto-alegrense. Mais engraçado é que até hoje nem um professor sequer solicitou que eu abandonasse a cabeleira.

Do jeito que eu falo parece que eu sou um aluno desafiador, que não cumpre determinações, o que não pode estar mais errado. Acho legal exatamente este compotamento dual. Bem x Mal. Esquerda x Direita. Ying x Yang. Zoroastrismo pegando. O cabelo sugere algo que as atitudes logo desmentem. O roqueiro, metaleiro, que é um estudante de medicina como qualquer outro.

Quem nunca foi a um show de seu artista preferido (ou mesmo, em casos mais graves, quem NÃO TEM um artista preferido) jamais conseguirá compreender o que eu quero dizer. A emoção de estar a poucos metros do ídolo, enquanto ele toca algumas das canções que compõem a trilha sonora de sua vida é inigualável. Cantar junto aquele refrão que tem uma mensagem que parece ter sido feita especialmente para você. Após duas horas, encontrar-se totalmente desprovido de forças e voz, e, quem sabe, com alguma lembrança, nem que seja apenas uma palheta (como aconteceu comigo na última semana). Não preciso de terapia, não preciso de mais nada para relaxar, só preciso de um show de rock de vez em quando.

Muitos são os preconceitos para com esta forma de entretenimento. O mais comum é também o que mais me revolta: chamar de barulho. Somente alguém muito seguro de sua opinião pode assim classificar alguma música que sequer conhece ou tentou conhecer. Eu mesmo já caí (e constantemente caio) neste erro. Some-se a isso alguns pouquíssimos idiotas que vão a shows apenas para encher a cara de bebidas ou drogas e algumas bandas (essas sim, formadas ou sustentadas por revoltados extremos) que realmente fazem algo que realmente soa como barulhos ridículos, e está montado um gigantesco estereótipo. A grande maioria das bandas de rock'n'roll (mais especificamente das de heavy metal) faz belas músicas, com temas complexos e relevantes, que são repetidamente mal-compreendidas por uma grande quantidade de pessoas.

Não quero obrigar ninguém a ouvir as músicas que eu ouço. Nem acho que todo mundo deve deixar crescer cabelo e barba. O que pretendo mostrar é exatamente os estereótipos que as pessoas seguem sem pensar de onde eles vêm. E além disso, como é importante ter alguma atividade na qual se possa arremessar a quilômetros de distância todas as decepções que a vida inevitavelmente traz. Sem precisar de analista, yoga, etc.

PS: O cabelo não vai ficar aqui pra sempre. Ou ele fatalmente cairá - a genética neste caso é forte- ou eu provavelmente cortarei ele, provavelmente em algum dia de dezembro de 2011.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal esse "desabafo" sobre a música e sua importância na vida do Fabrício, como hobby (se é q assim posso chamá-la)e terapia psicológica.
Acho que seria interessante q o Moisés fizesse algo semelhante, não necessariamente sobre música, mas algo q seja "importante" na vida dele seja como Hobby, terapia ou outra função. Acho q um item interessante (de acordo com o q já o ouvi falando)seria video-games, mas isto é com vcs.
vlw

Anônimo disse...

Falando de hobbies e tal, me lembrei.
E o RPG? Sai ou não sai?

Fernanda disse...

Bah!

Estou até pensando em deixar meu cabelo crescer também... opa! Ele já é comprido... Devo cortar?
ueheheuheuhe

Brincadeiras à parte, tu sabe que eu concordo contigo e apóio tua decisão de não abrir mão da cabeleira, apesar de ainda te achar muito mais "gatchinho" de cabelinho cortado e barba feita!
heuhei

beijos, Fá!